Num mundo onde cada vez mais empresas e pessoas buscam serem iguais a outras empresas e pessoas, aqueles que ousam ser eles mesmos são os que de fato se destacam.

Sua empresa jamais será diferente se apenas imitar aquilo que empresas como Starbucks, Cimed, N.Ideias, Arezzo&Co, Apple, Airbnb, Boticário, Chilli Beans, Kopenhagen fazem.Quando a Reserva começou a dar certo, nossos amigos nos perguntavam a que devia-se o sucesso da marca. Explicávamos a eles que não estávamos no ramo de vender roupas, e sim de entregar experiências, com o objetivo de aumentar a autoestima e praticidade de vida. A venda era uma consequência.

Todos torciam o nariz e nos pediam para falar a verdade. Onde, afinal, estava nosso diferencial competitivo?

Entendendo que as pessoas não estavam acostumadas a usar a parte reptiliana e límbica (emocional) de seus cérebros, para compreender questões de valor percebido de marca e sim apenas o neocórtex (racional), por curiosidade, resolvi pesquisar se havia bibliografia acadêmica que explicasse, de maneira cartesiana, a diferenciação de uma marca ou negócio.

Boa parte do mundo, infelizmente, só entende aquilo que os gráficos explicam. Então, cheguei ao livro “Different: Escaping the Competitive Herd”, da professora da Harvard Business School, Youngme Moon - fantástico e carente de reconhecimento público. A professora teorizou aquilo que chamo de “gráfico da diferença”.

Quando uma empresa se destaca no mercado, ela rapidamente torna-se o padrão daquele mercado e, a partir de suas práticas, se estabelece o status quo mercadológico, que todas as empresas buscarão.

Imaginemos, então, um gráfico no qual no eixo x estejam as características de um negócio e no y se estabeleça uma nota de 1-10 para cada uma dessas características. Cada empresa, portanto, possui um gráfico de barras em diferentes alturas que as descrevem.

Ser igual, ou se aproximar, do “benchmark” (o negócio de referência desse mercado) passa a ser a estratégia. Assim, se tudo der certo, a empresa conseguirá ser igual ao “benchmark”, jamais melhor.

Como, possivelmente, todas as empresas daquele mercado fazem a mesma coisa em um determinado momento, todas serão iguais ou muito parecidas com a empresa líder, mas apenas ela será percebida como desbravadora e inovadora.

Normalmente, é aí que começa a acontecer a mágica porque surgem novas empresas que, em vez de olhar gráficos, olham para seus valores. Quando focam naquilo que são melhores que o “benchmark”, elas rapidamente se destacam, começam a crescer. As barras das características acima da “seta” se distanciam ainda mais pra cima delas e, por consequência, para dar sustentabilidade ao processo, todas as demais barras, que estavam abaixo, também começam a crescer e a ultrapassá-la.

O Nizan, a Renata Vichy, o João Adibe, o Ronaldo, a Luiza Helena, o Abilio, os Birmans, o Jobs, a Beyoncé, os Moll, o Bezos, o Elon ou a Taylor Swift nunca se preocuparam mais com o que os outros estavam fazendo, do que com o que eles próprios poderiam fazer para potencializar. E justamente por isso cresceram tanto que fizeram de suas empresas os novos “benchmarks” em seus mercados.

A propósito; justamente por isso que as empresas deveriam inovar todos os dias para construir novas empresas que matarão um dia seus negócios. Melhor elas do que os outros, concordam?

Mais do que me permitir melhor explicar o meu negócio, Youngme Moon e o seu “gráfico da diferença” me ensinou uma simples e importante lição: no mundo onde todos querem ser iguais e seguidores das mesmas referências de mercado, os diferentes são aqueles que são de verdade.

P.S: O título desse artigo, em inglês, foi a frase que estampamos na primeira peça de roupa da Reserva, uma bermuda.